Alergias. Vacinas “curativas” não têm comparticipação e estão inacessíveis a muitos doentes

Infarmed deixou de comparticipar estas vacinas personalizadas durante a anterior crise económica, em 2011, uma "má opção", diz a Dr.ª Elza Tomaz.

As chamadas vacinas à medida, ou personalizadas, as únicas que constituem um tratamento curativo para as alergias (asma alérgica, rinite alérgica, alergia a picadas de insetos), não estão ao alcance de todos os doentes devido ao preço: uma embalagem com doses para um ano de tratamento chega a atingir os 300 euros. Isto depois de o Ministério da Saúde ter deixado de comparticipar estas vacinas no âmbito do Serviço Nacional de Saúde durante a anterior crise económica, em 2011.

“É vulgar as pessoas dizerem que não podem comprar”, assume a médica imunoalergologista Elza Tomaz. “Os doentes têm de disponibilizar 200 a 300 euros de uma vez para comprarem uma caixa de vacinas”, e muitas vezes recusam o tratamento, adianta a especialista, que acrescenta que a terapêutica completa dura entre três e cinco anos.

O filho de Maria João Silva tem um histórico de crises de asma desde os 9 anos. Aos 17, continua a tentar controlar a exposição às múltiplas substâncias às quais é alérgico (pólen de gramíneas, ácaros,  amendoins) e que lhe retiram qualidade de vida.

No entanto, Maria João Silva admite que o preço das vacinas personalizadas que o filho David vai começar a tomar é uma dificuldade acrescida. “Nos tempos que correm, é complicado despender 250 euros”, admite.

Na opinião da médica Elza Tomaz, do Hospital de São Bernardo, em Setúbal, o fim da comparticipação de 50% dada pelo Estado foi “uma má opção” dos decisores, uma vez que a aposta nestas vacinas acaba por gerar benefícios tanto para os doentes como para o erário público.

“Melhoram a qualidade de vida, evitam a progressão da doença alérgica para formas mais graves, diminuem situações como absentismo escolar, absentismo laboral, necessidade de outros fármacos”. Os números confirmam isso mesmo, ao apontarem para uma redução, para cerca de metade, nos custos do tratamento destes doentes quando tratados com as vacinas antialérgicas.

“As vacinas personalizadas são vacinas que contêm a substância a que cada doente é alérgico e são construídas a partir do padrão alérgico de cada doente”, explica a Dr.ª Elza Tomaz. A taxa de eficácia é elevada, chegando a ultrapassar os 90%. “São, neste momento, o único tratamento curativo. Todos os outros tratamentos são medicamentos que atenuam os efeitos da inflamação alérgica mas o doente continua a ser alérgico”.

Estas vacinas podem ser administradas tanto a crianças (a partir dos quatros anos de idade) como a adultos, em todos os casos em que se considere que a alergia tem uma expressão significativa na vida do doente. Aliás, como explica a Dr.ª Elza Tomaz, o aumento da longevidade tem levado a um aumento do número de idosos tratados desta forma, o que resulta num considerável aumento da qualidade de vida.

Apesar do Ministério da Saúde ter retirado a comparticipação, há alguns hospitais que disponibilizam as vacinas para a alergia a picadas de abelha e vespa a custo zero (gastando verbas do próprio orçamento), por estas situações implicarem risco de vida imediato para o doente. No Hospital de Setúbal, por exemplo, esta a vacina é administrada gratuitamente. Estas situações representam, contudo, uma pequena parte dos casos em que a vacina está indicada, deixando de fora outras patologias, nomeadamente respiratórias, em que estão implicadas alergias, mais vulgarmente a ácaros ou a pólens.

eV/TC

 

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