“Não existe só Covid, outros microrganismos vão continuar a fazer o seu trabalho”
Em contexto de pandemia, a vacinação “ganha ainda mais relevância”, sublinha o Dr. Filipe Froes, médico pneumologista.
Com a aproximação do inverno, e prevendo-se o aumento da pressão sobre os serviços de saúde num ano em que a pandemia de Covid-19 deverá trazer dificuldades acrescidas, a Direção-Geral de Saúde decidiu já antecipar o início da vacinação contra a gripe para o dia 28 de setembro.
Os primeiros dados indicam que a procura da vacina nas farmácias mais do que quintuplicou em relação a anos anteriores. Este aumento da procura é um sinal positivo. Quanto maior for a taxa de vacinação, menor será o número de afluência às urgências hospitalares (e centros de saúde) e o número de hospitalizações, e menos pressão sofrerá o SNS durante os meses de dezembro e janeiro – que é tradicionalmente o período mais crítico.
Para além da infeção pelo vírus influenza, que provoca a gripe, também o Streptococcus pneumoniae, que desencadeia pneumonias, tem uma maior circulação no inverno. Por isso, é aconselhada a toma da vacina antipneumocócica a alguns grupos de risco: pessoas com mais de 65 anos, pessoas com doenças crónicas como diabetes, asma, DPOC e outras doenças respiratórias crónicas, doença cardíaca, doença hepática crónica, doentes oncológicos, portadores de VIH e doentes renais.
“Numa altura de pandemia de Covid-19, a vacinação antipneumocócica ganha ainda mais relevância”, sublinha o médico pneumologista Filipe Froes. “Não existe só Covid-19, todos os outros microrganismos continuam a fazer o seu trabalho. Vão continuar a existir pneumonias numa altura em que a resposta do SNS pode ficar diminuída. Isso é um fator extra para tudo fazermos para diminuirmos os episódios de pneumonia pneumocócica”, acrescenta o também coordenador da Unidade de Cuidados Intensivos Médico-Cirúrgicos do Hospital Pulido Valente.
Por isso, “devemos promover a vacinação contra a gripe e a vacinação antipneumocócica”. Existem até alguns dados preliminares observacionais que indicam uma relação entre a vacinação contra a pneumonia a incidência de Covid-19. “Nos países onde a taxa de vacinação antipneumocócica é maior regista-se um menor número de casos de Covid-19 e uma menor mortalidade”, adianta Filipe Froes.
Filipe Froes ainda critica os médicos que não recomendam a vacinação. “Devem consultar a norma da DGS e cumprir essa norma”.