Meningite. “É fundamental sensibilizar os pais para a importância da vacinação”

"Dentro das meningites bacterianas causadas pelo meningococo, 85% dos casos é do tipo B, o que está de acordo com a epidemiologia dos países europeus e dos EUA, considerando que o meningococo B é o agente mais frequente", afirma a pediatra.

22 Abril, 2022

Assinala-se a 24 de abril o Dia Mundial da Meningite, “uma doença grave com risco de vida e de perda de função: surdez, cegueira, epilepsia, dificuldades escolares, amputação de membros”. Em entrevista ao eVacinas, a pediatra do Hospital CUF Descobertas Mónica Braz destacou as principais formas de prevenção desta doença, “em muitos casos felizmente evitada pela vacinação”.

 

Quais as principais características da meningite bacteriana?

A meningite bacteriana pode manifestar-se de forma semelhante às meningites virais ou outras viroses: febre, cefaleia (dores de cabeça) e vómitos.

Nas meningites causadas por bactérias, as crianças têm geralmente maior sensação de doença e, em alguns casos mais graves, aparecem hemorragias na pele. A doença bacteriana é geralmente rápida e progressiva, com gravidade clínica e risco de 20% de sequelas e 10% de morte.

Qual a fase do ano em que se regista um aumento do número de casos de meningite?

As meningites ocorrem sobretudo no Inverno dado que a transmissão destes agentes se dá através das vias respiratórias (nariz e garganta).

Considera preocupante o facto de 85% dos casos de meningite em adolescentes serem provocados pelo serotipo B do meningococo?

A grande percentagem de meningites é provocada por vírus e, na sua maioria, tem uma evolução benigna em crianças e adolescentes saudáveis, necessitando apenas medidas de suporte.

Dentro das meningites bacterianas causadas pelo meningococo, 85% dos casos é do tipo B, o que está de acordo com a epidemiologia dos países europeus e dos EUA, considerando que o meningococo B é o agente mais frequente.

Em Portugal, a vacina contra o meningococo tipo B está incluída no PNV desde 2020, para os nascidos após 01/01/2019. É fundamental sensibilizar os pais para a importância da vacinação em idade pediátrica, sobretudo em adolescentes, altura em que um novo pico desta doença ocorre e apenas 20% estão vacinados.

Já dispomos de dados atualizados sobre o facto de a pandemia poder ter-nos deixado, de alguma forma, mais vulneráveis ao contágio/infeção por estas doenças?

Ainda é cedo para avaliar os impactos da pandemia no sistema imunitário de crianças e adultos, mas é natural que após este ambiente artificial em que vivemos, com desinfeção constante das mãos, distanciamento social e uso de máscaras, tenha ocorrido, por um lado, uma redução de todas as doenças infecciosas que se transmitem por via respiratória e por outro, um estímulo menor do sistema imunitário que eventualmente poderá estar mais imaturo.

No Reino Unido, os casos de meningite no desconfinamento, decorrido durante o Inverno, foram superiores aos casos pré-pandemia, mas em Portugal tal não se verificou ainda.

Como se pode prevenir o contágio da meningite?

A melhor forma de prevenir a meningite bacteriana é através da vacinação. O PNV contempla vacinas contra o Haemophilus influenzae, pneumococo, meningococo C e meningococo B. Contudo, nem todos os grupos etários estão protegidos e outras vacinas, bem como reforços de vacinas podem ser importantes para garantir mais proteção.

Que conselhos deixa aos pais, bem como aos adolescentes, com o intuito de evitar a propagação de meningite?

A meningite é uma doença grave com risco de vida e de perda de função: surdez, cegueira, epilepsia, dificuldades escolares, amputação de membros.

Em muitos casos é felizmente evitada pela vacinação, particularmente importante nos grupos mais suscetíveis que são os abaixo dos 2 anos e os adolescentes.

Os adolescentes e jovens adultos apresentam taxas maiores de colonização de meningococo, condição necessária para a doença e têm mais comportamentos de risco, como a partilha de alimentos, bebidas e objetos (ex. cigarros), frequência de espaços sobrelotados (ex. discotecas e bares). É, por isso, fundamental sensibilizar pais e os próprios adolescentes para a importância da vacinação.

SO

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