Gripe. Risco de enfarte e de AVC é seis vezes maior em pessoas não vacinadas
A vacinação contra a gripe tem um impacto positivo na prevenção de eventos cardiovasculares, diz o cardiologista Dr. Carlos Rabaçal, que apela à vacinação dos doentes com patologias cardíacas e das pessoas com 65 ou mais anos.
As infeções virais desencadeiam uma série de reações no organismo que podem desestabilizar doenças cardiovasculares já estabelecidas. No caso da infeção pelo vírus da influenza, que provoca a gripe sazonal, está bem documentado o aumento do risco de eventos cardíacos graves em pessoas que não se vacinam.
“Há dados que mostram que, no decurso de uma síndrome gripal, aumenta a probabilidade de enfarte do miocárdio e acidente vascular cerebral. Este risco é maior nos primeiros três dias de infeção, e é seis vezes maior num doente que não se vacinou”, frisa o cardiologista Dr. Carlos Rabaçal, do Hospital Vila Franca de Xira. Sabe-se também que a redução da taxa de complicações nas quatro semanas seguintes à vacinação é na ordem dos 15 a 20% e de 30% a médio-longo prazo.
Assim, o especialista sublinha que a vacina contra a gripe não deve ser só administrada a indivíduos com ou maiores de 65 anos, mas sim a todos os doentes com patologia cardiovascular crónica, particularmente se considerada grave. “Um doente com 50 anos de idade e com uma patologia cardiovascular grave deve vacinar-se”, enfatiza, uma vez que “os mecanismos da gripe encontram, no doente cardíaco, terreno propício para desencadearem complicações”.
Por isso, devem ser vacinados todos os indivíduos com doença cardíaca crónica, independentemente da idade, “mesmo aqueles que tenham a doença bem controlada”. Lembrar que mesmo indivíduos saudáveis podem ter complicações na sequência de uma gripe, que podem passar, por exemplo, pelo “desenvolvimento de infeções oportunistas como a pneumonia – que pode levar à morte”.
O Dr. Carlos Rabaçal frisa a importância acrescida da vacinação dos idosos, embora admita que a eficácia da vacina contra a gripe é menor nesta população. “Nas pessoas idosas, que são o grupo com maior prevalência de doenças cardiovasculares e que mais beneficiam com a vacina, a taxa de eficácia é menor – está entre os 40 e os 50%”, sendo ainda mais baixa nas pessoas com mais de 80 anos. “Isto deve-se ao efeito natural que o avançar da idade tem nos mecanismos imunológicos que nos protegem ao longo da vida”, explica o médico.
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