Gripe. “Espero que, quando chegar a sua vez, as pessoas se vacinem”

Com a vacinação antigripal para a época 2021/22 a ter início a 1 de outubro, o pneumologista António Diniz faz um apelo à população, particularmente a todas as pessoas acima dos 65 anos. O especialista refere que os quadros clínicos desencadeados após uma infeção de gripe, em pessoas mais idosas, podem evoluir para situações complexas, se estas não tiverem sido imunizadas.

18 Outubro, 2021

Qual a importância da vacinação, especialmente nas faixas etárias a partir dos 60 anos?

A importância da vacinação é inegável. A campanha de vacinação que acabou de atingir os 85% de vacinados, referente à pandemia de covid-19, é a prova disso. Nesse aspeto nós [portugueses] temos um histórico e uma cultura vincada de adesão à vacinação.

A vacina contra a gripe é fortemente recomendada para pessoas acima dos 60 anos, pois são as que estão mais suscetíveis de desenvolver complicações mais perigosas para a saúde, aquando de um episódio de infeção pelo vírus influenza – nomeadamente o aparecimento de quadros clínicos como pneumonia.

As preocupações que temos com esta fatia da população devem-se, sobretudo, ao processo de imunossenescência, que se traduz numa diminuição da função imunitária do organismo, contra as várias agressões a que este está sujeito. No caso de se dar uma infeção, podem surgir complicações com necessidade de hospitalizações e recurso a meios mais intensivos, e eventualmente óbito.

 

A partir de que idade é que se inicia o fenómeno de imunossenescência?

Este fenómeno começa muito tempo antes, mas pode adquirir significado clínico a partir dos 60 anos. A partir desta fase começa-se a verificar o enfraquecimento global do organismo, que torna a pessoa mais vulnerável a agressões exteriores, a partir de uma determinada idade. A idade é variável de pessoa para pessoa, sendo que, maioritariamente entre os 60-65 anos começa a ser evidente.

Habitualmente, os planos de vacinação têm dois objetivos primordiais: em primeiro lugar servem para proteger as pessoas que necessitam da vacina, bem como quem está em contacto com elas. Sendo assim, preservar as funções essenciais destas pessoas é o ponto mais importante, ainda que diminuir os custos associados à sobrecarga dos serviços de saúde, tal como as faltas ao trabalho motivadas pelas variadas situações clínicas, são outro exemplo do impacto resultante da falta de vacinação.

 

Na qualidade de pneumologista, a gripe é uma das doenças que mais o preocupa?

Sim, é óbvio que é uma preocupação, sobretudo a partir do final de setembro/início de outubro e, muito em particular, nas pessoas que preenchem os critérios de vacinação. Tanto assim é que, a partir de setembro, prescrevo a vacina da gripe aos grupos de pessoas que a devem tomar e, no caso de estarem no grupo de pessoas que podem ter a vacinação gratuita, recomendo que recorram ao seu centro de saúde para lhes ser administrada nessa altura.

 

Por que é que as pessoas não são vacinadas antes de setembro?

Para já porque ainda não existem vacinas, mas sobretudo porque as vacinas devem ser administradas numa altura que abranja o período gripal durante seis meses. Se administramos a vacina a estas pessoas em meados de outubro, ela terá efeito protetor até ao final de março, atura em que normalmente – a não ser que seja um ano absolutamente excecional – a época gripal já estará finalizada. Espero que as pessoas, quando chegar a sua vez, se vacinem, e que se comportem da mesma forma que fizeram em relação à covid-19.

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