“Falar de terceira dose é ridicularizar a equidade das vacinas”, critica OMS
A situação das vacinas, como tem vindo a apontar a OMS, "já é altamente desigual" a nível global, sendo reforçada a necessidade de se vacinar os 1,3 mil milhões de africanos.
20 Agosto, 2021
A Organização Mundial de Saúde (OMS) para África considerou ontem que a decisão dos países ricos de avançarem para a terceira dose da vacina, confirmada pela compra de novos lotes, “é ridicularizar o conceito de equidade das vacinas”.
Para a diretora para África da OMS, Matshidiso Moeti, a decisão dos países mais ricos de avançarem para uma terceira dose das vacinas, quando o continente africano só vacinou cerca de 2% de pessoas, “ameaça a promessa de um futuro melhor para África”.
Como sublinha a diretora regional da OMS para África, o aumento do número de casos no continente nas últimas semanas obriga a que sejam disponibilizadas mais vacinas, mas “África está a encontrar ventos contrários”, nomeadamente, por exemplo, nos Estados Unidos, país que já confirmou a sua decisão em avançar para uma terceira dose da vacina.
A situação em África “continua muito frágil”, com a variante Delta a dominar o número de novas infeções na maior parte dos países do continente. Mais de 7,3 milhões de casos, de que resultaram mais de 186 mil óbitos, foram confirmados no continente, que está a debater-se com sinais de que a eficácia das vacinas está a esbater-se.
Moeti disse não poder garantir que as vacinas que servirão para a terceira dose nos EUA são aquelas que estavam planeadas para ser disponibilizadas aos países africanos, mas afirmou que tem esperança “que não seja o caso”.
A situação das vacinas, como tem vindo a apontar a OMS, “já é altamente desigual” a nível global, e por isso reforça-se que a prioridade tem de ser vacinar os 1,3 mil milhões de africanos, cujos países estão muito atrasados em termos de cobertura e acesso.
SO/LUSA