Covid-19. Primeiro desafio da vacinação será gerir “escassez” de vacinas
População tem que “ser paciente” e sobretudo perceber que há passos que não podem ser subestimados nem desvalorizados, designadamente as reuniões técnicas de Agência Europeia do Medicamento, ressalva a ministra.
14 Dezembro, 2020
A ministra da Saúde, Marta Temido, afirmou que “o primeiro desafio” na administração da vacina contra a covid-19 vai ser numa primeira fase gerir “alguma escassez” de vacinas.
“Sabemos desde há longos meses que mesmo que tivéssemos uma vacina disponível ela seria sempre num primeiro momento escassa e que o desafio que se colocava era exatamente o de ter uma vacina em quantidades suficientes para a população, designadamente para a população europeia”, afirmou Marta Temido na conferência de imprensa sobre a situação da covid-19 em Portugal.
Segundo a ministra, esse desafio da disponibilidade de doses de vacina vem sendo sublinhado “há muito tempo” pela Comissão Europeia.
Nesse sentido, a população tem que “ser paciente” e sobretudo perceber que há passos que não podem ser subestimados nem desvalorizados, designadamente as reuniões técnicas de Agência Europeia do Medicamento que se vão realizar este mês e em janeiro para garantir que todas as vacinas serão “seguras, eficazes e de qualidade”.
“Não nos interessa apenas ser os primeiros a ter a vacina interessa-nos ter vacinas de qualidade, seguras e efetivas”, sublinhou Marta Temido.
Relativamente às doses contratadas de vacina contra a covid-19, a ministra adiantou que há trabalho que está a ser realizado e que não há “ainda números fechados” sobre a quantidade que vai ser entregue a Portugal na primeira fase.
Plano inicial passa pela utilização da rede de centros de saúde do SNS
Questionada sobre se já foram dadas orientações aos centros de saúde de como se devem organizar para a vacinação e se vão ser contratados mais profissionais de saúde, Marta Temido adiantou que estão “a fazer a articulação de meios humanos e, eventualmente, a considerar o reforço não só por profissionais próprios, mas se for necessário por profissionais de outros setores e até voluntários”.
Lembrou que o plano inicial passa pela utilização da rede de centros de saúde do Serviço Nacional de Saúde para a primeira fase da vacinação, em que o desafio será o facto de haver “alguma escassez de vacinas”.
Os centros de saúde estão habituados a realizar a vacinação e onde há “profissionais que estão absolutamente habilitados, preparados e treinados e têm respondido bem ao longo dos muitos anos de Programa Nacional de Vacinação”, defendeu.
“Se tudo correr como planeado e se tudo correr bem, seguir-se-á um momento em que teremos uma muito maior quantidade de doses de vacinas e aí o desafio será o da celeridade da administração e de uma vacinação mais massiva”, declarou.
Nesta altura, poderá considerar-se recorrer a mais pontos de vacinação, inclusivamente, pontos de vacinação comunitários, avançou.
Sobre as reações adversas da vacina, Marta Temido disse que têm acompanhado o tema “com muita prudência”.
“Evidentemente que sabemos que são aspetos que poderão verificar-se e é importante que sejam tratados com transparência e sejam acompanhados clinicamente no sentido de prevenir repetições e Portugal está a fazê-lo também”, assegurou.
eV/LUSA