Covid-19: crença em teorias da conspiração associada a desconfiança em vacina
Aumento pequeno na credibilidade dada às teorias pelos inquiridos resulta numa queda significativa na confiança na vacina contra a Covid-19, mostra estudo.
14 Outubro, 2020
Um estudo científico publicado na revista britânica Royal Society Open Science defende que há uma “ligação clara” entre a crença em teorias da conspiração e a relutância em relação a uma futura vacina contra a Covid-19.
Baseada em inquéritos de opinião realizados no Reino Unido, em duas fases sucessivas com cerca de mil participantes, e nos Estados Unidos, Irlanda, México e Espanha, com 700 participantes de cada vez, a investigação estabelece uma “ligação clara entre acreditar em teorias da conspiração e a relutância em relação a uma futura vacina”.
Segundo Sander van der Linden, investigador em psicologia social da Universidade de Cambridge (Inglaterra) e um dos autores, a teoria falsa em que os participantes mais acreditam é que o novo coronavírus foi fabricado intencionalmente num laboratório na cidade chinesa de Wuhan, onde a pandemia teve início.
Em relação a esta teoria, a percentagem de participantes que a consideraram “confiável” foi 37% no caso dos espanhóis, 33% no dos mexicanos, 23% nos Estados Unidos e 22% no Reino Unido.
Já a falsa informação de que a pandemia de covid-19 “faz parte de um plano para impor a vacinação global” é considerada “confiável” por 22% dos participantes mexicanos, 18% dos irlandeses, espanhóis e americanos e 13% dos britânicos.
Por outro lado, a teoria falsa de que os sintomas da covid-19 são agravados pelas novas redes 5G é “confiável” para 16% dos participantes mexicanos e espanhóis, seguido da Irlanda (12%), Reino Unido e Estados Unidos, ambos com 8%.
Os inquiridos foram ainda questionados sobre as suas intenções quanto à futura vacina e a confiabilidade que atribuem às diferentes teorias, numa escala de um a sete.
Verificou-se que um aumento pequeno na credibilidade dada às teorias resulta numa queda significativa na confiança nas vacinas para os entrevistados.
Por esse motivo e tendo em conta que o meio de divulgação principal destas teorias são as redes sociais, o responsável defende que os “governos e empresas de tecnologia devem encontrar formas de melhorar a educação sobre os media digitais entre a população”, alertando que, “caso contrário, desenvolver a vacina pode não ser suficiente”.
eV/Lusa